quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


LENDO a coluna de uma amiga, resolvi contar essa história que vivi.

Meu avô era “cabra da peste”, como ele sempre dizia ao acabar o Jornal Nacional... rs

Teve 7 filhos com minha avó e a criação de todos era o motivo da sua vida. Então, a cada evento que acontecia, como aniversário de casamento deles, a festa era grande. Muitas  pessoas envolvidas.

Chegou um tempo em que ele teve câncer... que evoluiu a um ponto em que não se tinha mais nada a fazer senão dar altas doses de remédio pra não sentir dor.

Minha mãe veio pra SP e cuidou dele durante muito tempo e sempre que precisava de algo eu a ajudava.

Ele bravamente se mantinha firme... um belo dia, a família inteira se reuniu para o seu aniversário. Na época, minha namorada, que é cantora e um amigo meu que toca teclado, fizeram um show pra ele. Tocaram “Eu sei que vou te amar” a pedidos dele mesmo. Entre minhas lágrimas eu o observava... ele paradinho... só ouvindo... e... agradecendo a cada um. Eu tenho certeza de que ele estava se despedindo, mas ninguém percebeu aquilo. Eu também não comentei nada com ninguém, mas aquilo mexeu muito comigo.

Pouco tempo depois eu fui chamado às pressas para ir à casa dele, pois minha mãe falou que ele estava sentindo muitas dores e que precisaríamos levá-lo ao hospital.

Chegando lá eu percebi que a dor era muita mesmo... e no corpo todo, pois eu não conseguia encostar nele sem que ele gemesse de dor. Tive que coloca-lo na cadeira de rodas pra descer para a garagem. Ao chegar lá tive que carrega-lo novamente para dentro do carro. Eu nunca fiz tanta força na minha vida inteira em tão pouco tempo. Foram os 5 minutos de mais suadouro e nervoso pra pegá-lo de um jeito que não doesse, mas era impossível.

Quando consegui fomos ao hospital e ao chegar lá minha mãe pediu para que aguardasse no carro com ele enquanto ela via o que fazer. Meu avô estava dormindo... tranquilamente. E eu bati um papão com ele. Cheguei até a comentar o que havia sentido no aniversário dele. Ele não acordou pra escutar, mas tenho certeza de que ouviu tudo o que disse.

Meu sentimento era de alívio no momento, pois sabia que ele não sofreria mais e que era a última vez que o estava vendo. Ele já havia se despedido de todo mundo e agora estava leve para partir.

Não sei quanto tempo se passou até minha mãe aparecer, massa comunicação sem palavras foi tão gostosa que era como se estivéssemos gargalhando de tudo aquilo.

... realmente tudo o que eu havia imaginado aconteceu.

Ainda me pego, de vez em quando dando algumas risadas ao lembrar dele, das coisas que falava e como falava. Nos divertíamos quando eu começava a imitá-lo.

A única avó minha que ainda está viva é a mulher dele. Ela me contou a história de como se conheceram. Um belo dia ela chamou as amigas para ir a um desfile do exército.  E ela falava o tempo todo que conheceria o homem da vida dela aquele dia... e não é que aconteceu? Assim que o avistou tinha certeza de que era ele.

As histórias estão aí... o tempo todo.

Bjs.

Nenhum comentário:

Postar um comentário