FERIADO...
Faz um tempo o Gui me propôs pra
viajarmos no feriado de 7 de setembro. Não tínhamos pra onde ir ainda, mas logo
ele veio com a idéia de ir pra praia do Bonete, na Ilha Bela. Eu aceitaria ir
pra qualquer lugar, mesmo se fosse sozinho. Mas o convite foi muito legal e me
senti honrado de ter sido convidado... valeu Gui!
O que não sabíamos é que, além do
surf, nós praticaríamos outro esporte radical. O Gui sabe surfar, mas pra mim
este esporte ainda é bem radical... ondinhas de ½ metro estavam me
assustando... rs
O esporte radical que estou
falando é chegar até o Bonete com barquinho (segundo o Gui, TOC TOC)... estes
da foto. Vocês podem estar achando que somos frouxos... então façam este
passeio. O dia que pegamos não estava nada de assustar, disse o Beto, o piloto.
Vamos lá... mais uma experiência.
Chegamos e ficamos esperando chegar o dono (Martins... figura... rs) da pousada
que nos ajudaria a ser encaixados num barco... depois vão saber porque
encaixados. Quando ele chegou logo nos encaminhou pro barco do Beto onde
iríamos nós 2, eles 2 e muitos mantimentos... comidas, bebidas e etc.
Barco carregado...
- “passem as malas pra mim... já
pegaram tudo?” – perguntou o Beto
- “como assim? Nós não podemos
levar nada na mão?”
- “não... a não ser que possa
molhar...”
- “molhar? Mas eu queria levar a
câmera pra tirar fotos...”
- “é à prova d’água?”
- “não...”
- “então guarde e deixe eu
cobrir, pois vai molhar...”
- “mas como assim?”
Nessa hora o Martins deu uma
risada... aquelas que parecem safadas... rs... “você vai ver... rs”.
Convencidos, esperamos o sinal
pra subir a bordo. Beleza! É agora...
- “podem se sentar no estrado...
esse aí do fundo do barco”
- “vixe... tem um banco... vamos
sentar embaixo do banco... ENCAIXADOS...”
Só que na hora que o Gui sentou
também percebemos que ali não cabiam 2 pessoas do nosso tamanho, ou seja, ele
passou o braço por trás de mim e eu fiquei sentado de meia bunda, só com a
“bochecha” esquerda. Nada cômodo pras duas horas que passaríamos ali. Ainda por
cima ficamos de costas pra frente do barco, encostados em todos os mantimentos
e malas que tinham sido cobertas por lonas... LONAS?! Pelo jeito ia molhar
muito mesmo... mas tudo bem, tá sol... afff. Sentados no fundo do barco, só
nossas cabeças apareciam pra fora. Coloquei meu cotovelo apoiado na borda do
barco e fiquei esperando algo acontecer... de repente ele balança todo pro meu
lado fazendo meu cotovelo inteiro entrar e sair da água. O que teria sido
aquilo?!?! Era o Beto subindo no barco. Perguntamos se era normal e ele disse
que se desequilibrou um pouco... UM POUCO?!?! Quase
afundamos sem mesmo sair?!?! Já começamos a achar que aquilo seria uma
aventura que não fazíamos idéia. Fora isso o Beto veio apoiado nas duas bordas
até chegar na nossa frente, pois o motor e as cordinhas que corriam pela
lateral do barco até a parte de trás, responsáveis por mexer no leme ficavam
onde estávamos. Foi quando ele olhou pra trás e disse: “bosta”... eu não gosto
quando escuto isso, mas logo vi que ele conseguiu pegar a cordinha que queria e
tudo tava certo.
Rema... rema... ligou o motor.
Pelo menos era um motor novo e o barco também. Ele é feito de uma peça só, um
tronco inteiro... “IMPRECHIONANTE!!” – como diz meu amigo GuanaBara Toshiro.
E lá vamos nós... o barco vai a
uns 25Km/h, mas a impressão é de mais velocidade, pois não tem almofadinha...
rs.
Uns respingos de água vinham na
nossa direção, mas até aí tudo bem. Percebi que a coisa ficaria mais brava
quando o Beto colocou uma roupa de pescador pra agüentar água “braba”.
Realmente o único lugar seco do barco era atrás dele.
Estávamos no canal ainda.
Tínhamos que ir pro outro lado da Ilha.
Tava tudo legal e divertido, pois
era tudo novidade pra mim e pro Gui. Conversávamos e dávamos risada... até que
o sol sumiu... o frio começou a pegar, a água a nos molhar e o vento...
Puxava conversa pra saber tempo
de viagem e condições do mar. Ele falou que perto do Bonete a coisa ia ficar
mais difícil. Pensei... “se eu chegar sem estar congelado já vai ser lucro?”
Quando saímos do canal percebemos
que o mar também estava diferente. Eu e o Gui ríamos e queríamos fazer piada da
situação pra ver se relaxávamos, mas as condições sempre nos lembravam do que
estava acontecendo.
Foi quando ondas começaram a
aparecer... não aquelas de meio metro que falei. O Gui falou que deviam ter uns
2 metros
no mínimo. E nós encarando tudo aquilo com um barco... fininho... e que
balançava não como um cavalo em rodeio, só pra frente e pra trás, e sim, como
um touro... EM TODAS AS DIREÇÕES!!
E sobe onda e desce onda. Eu nunca tinha passado por aquilo. Procurava pensar
em várias coisas, mas essas várias coisas não me vinham à cabeça. Procurávamos
tirar coragem um do outro e tentar acostumar com aquela situação o mais rápido
possível.
Às vezes olhava a cara do Beto
pra ver as feições dele... não mudavam... ou ele sabia muito bem o que estava
fazendo ou estava congelado. Pra falar a verdade teve uma vez só que ele mudou
a feição. Deu uma inclinada em nossa direção e olhou para um ponto do barco. Não
gostei da cara dele. Sabe quando você faz com a boca que os cantos descem e
você completa com o olho e a testa franzida fazendo como se fosse um ponto de
interrogação? Além disso eu vi que tinha algo que não deveria ser da forma que
ele estava vendo. O Gui não percebeu isso. Eu queria ter repartido esse momento
de desespero com ele, mas só fiz quando chegamos no quarto da pousada.
E dá-lhe mar e ondas... sobe e
desce. Perguntamos quanto faltava e ele disse q ainda tínhamos 40 minutos pela
frente.
Eu pensava no como aquilo tudo
poderia ficar mais “difícil”. Eu me sentia um peso de mercadoria dentro daquele
barco. Não fazia idéia do que poderia e deveria fazer se algo “mais difícil”
exigisse reações minhas. Estava travado e encaixado embaixo de um banco, com
metade da bunda quadrada e dormindo e duro de frio.
Ás vezes o Beto se inclinava pra
baixo pra tirar água do barco e a cada inclinada eu pensava: “OLHA PRA FRENTE!
OLHA PRA FRENTE! DEIXA QUE EU TIRO ESSA ÁGUA DAQUI!”. Não fazia idéia pra onde
estávamos indo, pois sentamos de costas.
Foi quando ele diminuiu a
velocidade e começou a tirar a roupa... até o sol apareceu pra nos receber!
Devíamos estar chegando no “difícil”. O Beto me tranqüilizou quando pediu ajuda
pra tirar todos os mantimentos do barco pra ser mais rápido. Aquilo era um
sinal de que nós conseguiríamos chegar na praia com tudo aquilo, e nós, ainda
dentro do barco.
Conseguíamos olhar só um pouco
pelo lado e ver a praia com as ondas que pegaríamos pra chegar até a areia. Ele
foi controlando a velocidade pra sempre ficar em cima de uma onda até
atracarmos... “podem sair.” Eu não estava acreditando naquilo e nem conseguindo
sair... rs. Eu e o Gui queríamos sair ao mesmo tempo, mas não tinha espaço pra
isso. Saí primeiro.
Levamos todas as coisas pro seco
e fomos ajudar a puxar o barco, em outro local da praia, pra que ele ficasse na
areia. Todo o frio foi passando fazendo isso.
Chegamos lá na 4ª e a praia
estava uma delícia... só pra nós praticamente. UM PARAÍSO! O Gui não parava de
falar: “QUE TESÃO! QUE TESÃO!”... rs
Nós fomos deixar as coisas na
pousada do Martins e voltamos pra pegar umas ondas.
Agora era só curtir a beça o
feriado e... pensar na volta... rs
Bom, aconselho a todos irem pro
Bonete. Podemos até combinarmos de ir todo mundo junto, vamos?! Mas desta vez
só vocês irão de barquinho, pois nós iremos de trilha... rs
É claro que a forma que escrevi
esta coluna é verdadeira e com fatos reais, mas ela é um pouco crônica também,
então, os fatos podem ter tomado uma dimensão de relato um pouco maiores. Com
certeza, se precisar, eu faria essa viagem de barquinho novamente.
Abs e Bjs!