terça-feira, 4 de outubro de 2011



CERTA VEZ eu saí pra almoçar com uma amiga chamada Cinthia que cuidava do Espaço Cultural que a Banda Homem do Brasil tinha. E na conversa perguntei o que ela tem na vista. Ela usa óculos e eu brinco muito com pelo tamanho de tela que usa no micro... tudo é muito grande. Eu também perguntei desde quando ela ficou sabendo que não enxergava cores. Me disse que descobriram quando começou a falar, pois foi fazer um teste pra separar peças de formas e cores iguais ou parecidas e a cabecinha daquela criança deu nó... tudo era parecido. Perguntei se incomoda em comentar isso com as pessoas, mas ela disse que já prefere falar logo. Por isso estou escrevendo essa coluna.

Nessa conversa comentei de como seria uma doideira pra ela se passasse a enxergar as cores. Será que o vermelho que ela diz gostar tanto seria o vermelho mesmo? Até brinquei que faria um teste com ela colocando todas as cores na sua frente e pediria pra pegar o vermelho... rs

Perguntei também se tem algo que ela gostaria de saber como é e pra minha surpresa ela disse que sente só por uma coisa... por não saber como é um pôr-do-sol. De uma certa forma isso me tocou muito no momento. Mas logo eu disse que cada coisa tem a sua beleza particular e que a lua tinha uma beleza tão especial quanto. E uma noite enluarada não tem cores... nem por isso deixa de ser bela. Será que estou falando isso porque enxergo as cores?

Mas que diferença tem nisso tudo se eu vejo as cores nas coisas, mas não enxergo elas na minha vida. O mais importante é enxergarmos a nossa vida colorida e não querer ver somente nas coisas que fazemos. Por que o que fazemos é mais colorido do que o que as outras pessoas fazem? Por que o que fazemos é mais importante do que os outros conseguem fazer? Por que o que faço tem mais valor e por isso tenho que ficar me vangloriando do que fiz e menosprezando o que você fez?

Além disso tem muita gente que despreza seu passado sempre achando que o que sabe hoje é a verdade do mundo e o que faz é o melhor pra si e pra todas as outras pessoas. “Não! Eu já sei de tudo! Agora eu sei o que faço e o que sou!”... pronto... parou novamente de evoluir e querer aprender com a vida. Digo com a vida porque não interessa de onde e muito menos de quem venha um sorriso, uma mão estendida, um abraço e até mesmo uma palavra. Essa pessoa que se julga a sabichona se acha digna de ser colocada num pedestal pra que todas as outras a sigam e a endeusem... que pena... parou de ver as cores da vida e agora só vê cores nas coisas... e o pior, nas coisas que só ela faz.

Ci, qual das duas fotos você gostou mais?

Se você escolheu a de cima, talvez eu tenha uma ligeira idéia do que você vê. Se escolheu a de baixo eu posso te dizer que cores tem um pôr-do-sol, mas isso não terá o menor valor pra mim, nem pra você nem pra ninguém... se eu estiver desprezando as cores da minha vida e só me prendendo às cores que vejo nessa imagem.

E posso te afirmar uma coisa. As cores que vem da sua vida vem de dentro de você. Do seu olhar, do seu carinho, do seu coração, do seu sorriso, do seu poder, de suas responsabilidades, da sua segurança como mulher e pessoa, da sua vontade de lutar pelo que acredita, do seu amor e de tudo aquilo que te faz uma pessoa especial... tão cheia de cores.