sábado, 7 de janeiro de 2012


SUFOCO

E naquele dia, quando fui dar comida para o Horácio (meu papagaio, para quem não conhece), ele estava caidão... parecia triste. Mas ao pegá-lo na mão senti que estava doente.

Resolvi levá-lo ao veterinário, mas quando me dei conta já estava no Johrei (*) e as pessoas perguntava o que estava acontecendo.

Assim que o Horácio melhorou resolvi voltar para casa. Fui até o ponto de ônibus. O lugar me parecia muito perigoso e percebi que não era pra eu ficar “marcando toca”, por isso, assim que o 1º ônibus parou perguntei se passava na ria perto de casa e ele não respondeu e saiu arrancando. Assim que o 2º ônibus passou eu nem perguntei e já fui entrando, pois achei melhor sair daquele lugar o mais rápido possível. Expliquei para o motorista onde iria e ele disse que passaria perto.

- Passará perto da ponte “pécil”.
- Ponte pênsil?! Que ponte será essa? E logo imaginei que poderia ser a ponte João Dias... estou no caminho certo...

Ao me virar para procurar lugar...
- Quer me vender sua passagem?
Uma velhinha me fez esta pergunta, pois ela estava indo jogar Pif Paf com as amigas e passagem de ônibus valia muito entre elas nas apostas.
- Não senhora.

Dentre as várias pessoas que tentavam ajudar com palavras, porque me viram meio aflito por causa do caminho, uma delas foi uma outra velhinha que disse:
- Fique calmo. Me dê seu e-mail que eu te ajudo. Assim que eu chegar em casa te mando um e-mail com todos os dados pra você chegar na sua... vai dar tudo certo.
(pensando) Ok, se eu não estivesse precisando saber destas informações no exato momento.

Como todos começaram a falar ao mesmo tempo eu comecei a ficar meio sufocado e comecei a me desesperar com aquela confusão... aí... uma voz bem baixinha começou a me sussurar...

- É só abrir os olhos...
- Hein? Quem tá falando?
- É só abrir os olhos...
- Como assim?!?!
- É só abrir os olhos...

... abri...

Estava na casa da minha irmã. Eu estava sonhando.

O Horácio estava ótimo e naquele momento já deveria estar cantando ou fazendo arruaça na gaiola... rs

É... às vezes as soluções para nossos problemas estão mais próximos do que podemos imaginar... “é só abrir os olhos” e enxergar o problema de fora.

Bjs


(*) Johrei é uma oração ou terapia feita através da imposição de mãos, vista pelos seus adeptos como a comunicação da luz divina para o aprimoramento e elevação espiritual e material do ser humano. Visando a eliminação de suas máculas (pecados), que estão em seu espírito, advindas de maus pensamentos, más palavras e más ações, que através dessa purificação permitida pela johrei, seriam eliminadas e conseqüentemente se obteria progressivamente mais saúde, prosperidade e paz. Essa comunicação se dá através da imposição das mãos, pelos membros da Igreja Messiânica Mundial. Essa terapia espitirual foi idealizada e concretizada por Meishu-Sama, fundador da Igreja Messiânica Mundial. Esta palavra de origem japonesa, é composta dos ideogramas: 浄 "Joh" (purificar) e 霊 "Rei" (espírito). Em síntese, significa "Purificação do espírito" ou "Batismo pelo Fogo". Em essência consiste no ato de purificar o espírito do Homem pela energia espiritual do fogo, predominante na luz do "Supremo Deus".
Dentre os seguidores da Igreja, o Johrei é considerado a Luz Divina, emanada de Deus e Meishu-Sama que é transmitida pelos membros da Igreja com o objetivo de purificar o espírito, através da eliminação das máculas espirituais, que são a causa dos sofrimentos humanos.
É a prática altruísta central da fé Messiânica, sendo até mesmo o nome pelo qual é conhecido o referido movimento.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


LENDO a coluna de uma amiga, resolvi contar essa história que vivi.

Meu avô era “cabra da peste”, como ele sempre dizia ao acabar o Jornal Nacional... rs

Teve 7 filhos com minha avó e a criação de todos era o motivo da sua vida. Então, a cada evento que acontecia, como aniversário de casamento deles, a festa era grande. Muitas  pessoas envolvidas.

Chegou um tempo em que ele teve câncer... que evoluiu a um ponto em que não se tinha mais nada a fazer senão dar altas doses de remédio pra não sentir dor.

Minha mãe veio pra SP e cuidou dele durante muito tempo e sempre que precisava de algo eu a ajudava.

Ele bravamente se mantinha firme... um belo dia, a família inteira se reuniu para o seu aniversário. Na época, minha namorada, que é cantora e um amigo meu que toca teclado, fizeram um show pra ele. Tocaram “Eu sei que vou te amar” a pedidos dele mesmo. Entre minhas lágrimas eu o observava... ele paradinho... só ouvindo... e... agradecendo a cada um. Eu tenho certeza de que ele estava se despedindo, mas ninguém percebeu aquilo. Eu também não comentei nada com ninguém, mas aquilo mexeu muito comigo.

Pouco tempo depois eu fui chamado às pressas para ir à casa dele, pois minha mãe falou que ele estava sentindo muitas dores e que precisaríamos levá-lo ao hospital.

Chegando lá eu percebi que a dor era muita mesmo... e no corpo todo, pois eu não conseguia encostar nele sem que ele gemesse de dor. Tive que coloca-lo na cadeira de rodas pra descer para a garagem. Ao chegar lá tive que carrega-lo novamente para dentro do carro. Eu nunca fiz tanta força na minha vida inteira em tão pouco tempo. Foram os 5 minutos de mais suadouro e nervoso pra pegá-lo de um jeito que não doesse, mas era impossível.

Quando consegui fomos ao hospital e ao chegar lá minha mãe pediu para que aguardasse no carro com ele enquanto ela via o que fazer. Meu avô estava dormindo... tranquilamente. E eu bati um papão com ele. Cheguei até a comentar o que havia sentido no aniversário dele. Ele não acordou pra escutar, mas tenho certeza de que ouviu tudo o que disse.

Meu sentimento era de alívio no momento, pois sabia que ele não sofreria mais e que era a última vez que o estava vendo. Ele já havia se despedido de todo mundo e agora estava leve para partir.

Não sei quanto tempo se passou até minha mãe aparecer, massa comunicação sem palavras foi tão gostosa que era como se estivéssemos gargalhando de tudo aquilo.

... realmente tudo o que eu havia imaginado aconteceu.

Ainda me pego, de vez em quando dando algumas risadas ao lembrar dele, das coisas que falava e como falava. Nos divertíamos quando eu começava a imitá-lo.

A única avó minha que ainda está viva é a mulher dele. Ela me contou a história de como se conheceram. Um belo dia ela chamou as amigas para ir a um desfile do exército.  E ela falava o tempo todo que conheceria o homem da vida dela aquele dia... e não é que aconteceu? Assim que o avistou tinha certeza de que era ele.

As histórias estão aí... o tempo todo.

Bjs.

terça-feira, 4 de outubro de 2011



CERTA VEZ eu saí pra almoçar com uma amiga chamada Cinthia que cuidava do Espaço Cultural que a Banda Homem do Brasil tinha. E na conversa perguntei o que ela tem na vista. Ela usa óculos e eu brinco muito com pelo tamanho de tela que usa no micro... tudo é muito grande. Eu também perguntei desde quando ela ficou sabendo que não enxergava cores. Me disse que descobriram quando começou a falar, pois foi fazer um teste pra separar peças de formas e cores iguais ou parecidas e a cabecinha daquela criança deu nó... tudo era parecido. Perguntei se incomoda em comentar isso com as pessoas, mas ela disse que já prefere falar logo. Por isso estou escrevendo essa coluna.

Nessa conversa comentei de como seria uma doideira pra ela se passasse a enxergar as cores. Será que o vermelho que ela diz gostar tanto seria o vermelho mesmo? Até brinquei que faria um teste com ela colocando todas as cores na sua frente e pediria pra pegar o vermelho... rs

Perguntei também se tem algo que ela gostaria de saber como é e pra minha surpresa ela disse que sente só por uma coisa... por não saber como é um pôr-do-sol. De uma certa forma isso me tocou muito no momento. Mas logo eu disse que cada coisa tem a sua beleza particular e que a lua tinha uma beleza tão especial quanto. E uma noite enluarada não tem cores... nem por isso deixa de ser bela. Será que estou falando isso porque enxergo as cores?

Mas que diferença tem nisso tudo se eu vejo as cores nas coisas, mas não enxergo elas na minha vida. O mais importante é enxergarmos a nossa vida colorida e não querer ver somente nas coisas que fazemos. Por que o que fazemos é mais colorido do que o que as outras pessoas fazem? Por que o que fazemos é mais importante do que os outros conseguem fazer? Por que o que faço tem mais valor e por isso tenho que ficar me vangloriando do que fiz e menosprezando o que você fez?

Além disso tem muita gente que despreza seu passado sempre achando que o que sabe hoje é a verdade do mundo e o que faz é o melhor pra si e pra todas as outras pessoas. “Não! Eu já sei de tudo! Agora eu sei o que faço e o que sou!”... pronto... parou novamente de evoluir e querer aprender com a vida. Digo com a vida porque não interessa de onde e muito menos de quem venha um sorriso, uma mão estendida, um abraço e até mesmo uma palavra. Essa pessoa que se julga a sabichona se acha digna de ser colocada num pedestal pra que todas as outras a sigam e a endeusem... que pena... parou de ver as cores da vida e agora só vê cores nas coisas... e o pior, nas coisas que só ela faz.

Ci, qual das duas fotos você gostou mais?

Se você escolheu a de cima, talvez eu tenha uma ligeira idéia do que você vê. Se escolheu a de baixo eu posso te dizer que cores tem um pôr-do-sol, mas isso não terá o menor valor pra mim, nem pra você nem pra ninguém... se eu estiver desprezando as cores da minha vida e só me prendendo às cores que vejo nessa imagem.

E posso te afirmar uma coisa. As cores que vem da sua vida vem de dentro de você. Do seu olhar, do seu carinho, do seu coração, do seu sorriso, do seu poder, de suas responsabilidades, da sua segurança como mulher e pessoa, da sua vontade de lutar pelo que acredita, do seu amor e de tudo aquilo que te faz uma pessoa especial... tão cheia de cores.