sexta-feira, 9 de setembro de 2011

MEU SALTO...


TENHO certeza de que para conseguir ultrapassar nossos medos a melhor maneira é sempre olhar pra frente.

Pra quem não sabe, dia 1º de julho, eu me dei de aniversário um salto de pára-quedas. Uma coisa que já tinha a vontade de fazer a muito tempo.

A diferença de eu ter conseguido realizar hoje é a explicação lá de cima. Eu encarei tudo aquilo olhando sempre pra frente, no próximo passo. Eu teria no mínimo 10 razões pra desistir e deixar que meu medo me fizesse parar.

Além de tudo isso a minha ficha demorou bastante pra cair... quase uma semana e meia... agora... na noite anterior............ AAAAAAHHHHHHH!!!!!

Levantei no meio da noite pra ir ao banheiro, tomar água e nem quis saber que horas eram, mas ao deitar, deu apenas uns 5 minutos e o alarme disparou... junto com meu coração... rs

Era 5h40 da manhã. Eu não acreditava naquilo tudo, pois ainda era de noite. Combinei com o Fernando na Tambor às 6h15... e lá estava ele. Ele também estava com medo, coisa que eu não conseguia entender, pois pra quem anda de moto em SP isso deveria ser fichinha de encarar.

Nos encontramos com uma galera na Pça Panamericana e fomos pra estrada até Boituva. O dia foi abrindo no caminho e saiu um sol maravilhoso. Chegando em Boituva começou a ficar tudo nublado e parecia que já estávamos nas nuvens... 1º motivo pra desistir... será que aquilo era um sinal?! Rs. Quando temos medo de fazer algo tudo vira um sinal... sempre a nosso favor. Nós somos muito fracos e sempre vamos buscar as respostas pras nossas conveniências, por isso é bom sempre nos colocarmos do outro lado também.

Chegando lá ficamos sabendo que teríamos que esperar o céu abrir pra fazer os saltos.

Acho que uma hora depois estava tudo pronto e a menina perguntou quem seria o primeiro... 2º razão pra eu desistir, pois ninguém se habilitou. Pensei: “eu vou agora e quero ser o primeiro, pois não quero saber de ser um dos últimos e ficar escutando de um e de outro que dá pavor, que nunca mais faria aquilo, que o pára-quedas não abriu e teve que usar o 2º... EU VOU!!!!”. Meu apelido passou a ser cobaia... rs.

Em pouco tempo eu já estava pronto, vestido e tendo explicações do que fazer lá em cima. Muito fácil e eu até estava com um sorriso na boca... também, estava a 5cm do chão... rs.

“Vamos?!”. Afff! Chegou a hora. Me senti um pouco caminhando em direção à sala do dentista, sala de operação, sei lá... sabe aquele frio na barriga? Depois eu iria descobrir que aquele frio não era nada.

Sentia no olhar das pessoa meio que um sorriso de medo por mim e aquela brincadeira era repetida por todos... “E aí? Seu carro vai ficar pra quem?”... 3ª razão pra desistir.

Fui o último a entrar no avião, ou seja, o primeiro a ter que saltar... 4ª razão.

O tempo todo o instrutor perguntava se estava tudo bem. Eu dizia que até o momento estava muito melhor do que no dia anterior... aí... o avião se posicionou na pista e começou a acelerar. Mas ele não soltava o freio e o bico do avião começou a apontar pra baixo (5ª razão). Parecia que estava num porta avião e de uma hora pra outra eu seria estilingado pra frente... foi o que aconteceu. Não sei porque o piloto fez aquilo, mas as pessoas no chão me falaram que em 100mts nós já tínhamos decolado. Sabe aquele desenho que a gente vê nos aeroportos de avião decolando, com o bico bem pra cima? Foi assim mesmo que aconteceu. Nós subíamos em forma de espiral ascendente... muito rápido. Me senti como um urubu quando pega o ar quente pra subir.

Quase chegando na altitude do salto, 12 mil pés, ou mais ou menos 4 mil metros, ou falei pro instrutor que poderia sair do avião fazendo piruetas e loops, pois talvez aquilo diminuiria a minha sensação de queda.

De repente a “porta” abriu. Um porta de correr, fininha, frágil (não vou nem contar como duas, mas esta é a 6ª razão) e nessa hora o avião deu uma reduzida na velocidade que parecia que tinha parado e estacionado em alguma nuvem que não existia. Pareceu ter pisado no freio literalmente... “imprechionante!!!” (como diria meu amigo GuanaBara Toshiro) – 7ª razão. 2 doidos já saltaram como se nada tivesse acontecendo e eu era o próximo. Fui de joelhos até a porta. Se a distância fosse maior até teria aproveitado a posição pra rezar, mas nem deu tempo. Agora sim, uma razão muito forte pra desistir (a 8ª)... tive que sentar na porta do avião com os pés pra fora... eu até olhei pra baixo, mas logo o instrutor puxou minha cabeça pra trás, pois era a posição que deveria ficar. Isso ajudou muito porque sem olhar pra onde você vai até que não dá medo. Mas isso não me fez esquecer de onde eu estava, é claro.

O instrutor checou tudo com o outro paraquedista que ia filmar e fotografar pra ver se estava tudo certo e perguntou pra mim se poderíamos saltar... já não adiantava mais nada e colocar as razões pra não fazer aquilo em pauta, pois daquela situação eu só conseguiria ir pra baixo mesmo, mas se eu tivesse qualquer tipo de poder de teletransporte, aquela seria a 9ª razão pra desistir.

- “Podemos ir?”
- “Vamos!!!” – nem acreditei nas palavras que saíram da minha boca naquele momento.

... céu... terra... céu... terra... terra... céu... céu... terra... terra...... “MÃE! PAI! HORÁÁÁCIOOOO!!! EU TAMBÉM SEI VOAR!!!! EU ESTOU VOANDOOOOO!!!!”

A sensação de queda acaba quando normaliza a posição e você fica de barriga pra baixo. Pensei que fosse ser difícil de respirar, pois a velocidade de queda é de uns 200km/h. São 50 segundo de queda livre e tentativa de se olhar tudo o que se tem pra olhar lá de cima. Uma sensação maravilhosa. A impressão de não estar caindo acontece porque você não percebe, de tão alto, que o chão não está se aproximando. Lembrei um pouco de quando voei de balão.




Agora chegou a hora de maior apreensão e as duas razões que valeram por uma enorme, a 10ª, pois elas vieram quase que juntas. Separadas apenas por 4 segundos. Quando o câmera sair da minha frente... “AI! Vai abrir o pára-quedas!!! E VAI TER QUE ABRIR!!!! ABRIU, OBA!!!! AAAAAAAHHHHHHH!!!! AGORA EU VOU TER QUE CONTINUAR GRUDADO NO INSTRUTOR, SENÃO NÃO ADIANTOU NADA ELE ABRIR!!!! HORÁCIOOOOO, CADÊ VOCÊ?!?!?!....... YES!!!!

Passei de 200km/h pra 10km/h em 4 segundos. Eu pensei que o tranco fosse ser maior, mas maior mesmo passou a ser a pressão nas “partes baixas”. Aquele “super cinto de segurança” que nós colocamos pra ficar grudados no instrutor é muito mais agradável para as mulheres do que pra nós. Tanto que o instrutor perguntou se estava tudo bem e depois de me escutar falando fininho ele disse pra eu ficar de pé nos pés dele e aí ele pode dar uma afrouxada pra eu respirar... rs

Dali pra frente foi só curtir outra forma de descida. Às vezes ele fazia umas manobras que dava um frio na barriga, mas foi tudo muito bom.

Pra pousar eu tinha que segurar numa parte da roupa na altura dos joelhos e levantar a perna. Não fiz questão de cair de pé e quando percebi já estava no chão, sentado e depois de solto... deitado. Agradecendo por tudo aquilo que havia passado.

Com certeza faço novamente tudo isso, pois é uma sensação indescritível, por mais que eu tenha escrito e tentado descrever tudo.

Supere seus medos. Olhe sempre pra frente e nunca abaixe a cabeça pra o que quer que apareça de dificuldades, pois o passo seguinte é sempre mais forte e poderoso.


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